Wednesday, May 31, 2006

Não, eu não odeio pizza


Mas disse que odiava. Sem querer, claro. Em japonês, nem sempre falo o que quero – quando me arrisco a falar.

_ Karina, o que você quer comer?

_ Pode ser pizza? Eu adoro pizza!

_ Ok, vamos comer pizza (disse o amigo japonês)

O amigo japonês e as duas amigas coreanas toparam comer pizza. Só pra me agradar, eu sei.

Conversa vai, conversa vem...

_ きらい です (Kirai desu)! (eu disse)

Todos me olharam com cara de espanto. Ainda bem. Senão, eu não teria percebido que, mais uma vez, troquei umas letrinhas – na verdade, só uma letrinha:

_ ごめん! きらい じゃなくて、からい です (Gomen! KIRAI janakute, KARAI desu).

Eu queria dizer que a pizza estava apimentada, mas falei: “eu odeio (pizza)!” Ai, que vergonha! De novo.

Tuesday, May 30, 2006

Você esqueceu o quê?

Não esqueci nada não. Só troquei umas letrinhas...

- あ~、 わすれった!
- A~, wasuretta! (A..., esqueci!)

- なに を わすれった?
- Nani wo wasuretta? (Esqueceu o quê?)

- Oops, ごめん! わすれった じゃなくて、つかれった です!
- Oops, gomen! Wasuretta janakute, tsukaretta desu! (Oops, desculpa. Não é "esqueci", eu queria dizer "tô cansada"!)

Isso foi num restaurante, com a amiga coreana Hyon-chan e a japonesa Kanako. Ai, que vergonha!

Sunday, May 28, 2006

Fui parar na prisão




Não, dessa vez, não infringi a lei não. Fui parar na prisão sim, mas não como presidiária. Essa história é meio velha (dois ou três meses atrás), mas depois de ler a Veja dessa semana (pra vocês aí do Brasil é da semana passada. É que recebemos com um pouquinho de atraso aqui...) deu vontade de contar.

"Isso é um hotel?”, perguntou uma repórter do Brasil, quando estávamos em frente à Penitenciária de Yokohama. “Não. Esse é o presídio que vamos visitar”, respondi. E ela não cometeu nenhuma barbaridade ao fazer essa pergunta. O presídio é tão chique e tão bonito, que mais parece um hotel (cinco estrelas!).

Fomos acompanhar a visita de uns políticos brasileiros (senador, deputados e cia) e, assim como eles, ficamos de queixo caído. Aquela cena de um monte de homem sem camisa, embolado atrás das grades é inimaginável aqui. Os presos vestem uniforme. Em Yokohama, estavam todos de calça e camisa azuis (ou amarelas??), boné branco e tênis (não sei que cor). Todos iguaizinhos, arrumadinhos e (aparentemente) limpinhos.

Dentro dessa penitenciária tem uma gráfica, uma marcenaria e uma lavanderia, entre outras coisas do tipo (já esqueci!). E são os presos que trabalham lá. Se por fora parece um hotel, por dentro, parece a linha de produção de uma fábrica. Tem ainda um pátio, onde eles praticam atividades físicas e, perto desse pátio, tem um jardim japonês que fez o nosso queixo cair mais ainda.

E as celas? Gente, não dá para acreditar! Tudo bonitinho, organizadinho e confortável também. As “celas” individuais têm uma cama, um vaso sanitário (ocidental, o que é uma regalia aqui), uma estante (com alguns exemplares de mangá!) e um aparelho de tevê. As “celas” coletivas têm as mesmas coisas, porém com espaço e futon (“cama” dos japoneses que, na verdade, é uma espécie de colchonete) para seis pessoas. Ah, o diretor disse que estavam “superlotadas” com oito pessoas, por isso, eles colocaram uma beliche em cada.

Mas esse conforto todo tem um preço: os “hóspedes” são tratados com tanta disciplina, tanta disciplina, que já ouvi dizer que saem de lá, loucos. Especialmente os ocidentais, que não sabem o que é disciplina, muito menos a disciplina japonesa. Eles têm hora para tudo – acordar, comer, trabalhar, estudar, assistir à tevê, dormir etc – e não têm direito de conversar (só na hora certa), muito menos em outra língua (lá, só se fala em japonês).

Para evitar que os (muitos) estrangeiros se enturmem, nas celas coletivas as nacionalidades também são coletivas. Brasileiro com brasileiro, nem pensar. Os visitantes só podem conversar com os “anfitriões” em japonês. Quem não fala a língua, melhor nem tentar ir lá. Uma palavrinha em português, chinês, espanhol é motivo para encerrar a visita.

De saída e com o queixo praticamente no chão - logo depois de ver o auditório onde tem concurso de karaokê - o senador ousou perguntar ao diretor da penitenciária: “já houve tentativa de fuga aqui (ele não seria maluco de perguntar se já houve fuga)?”. Com um sorrisinho, o diretor respondeu: “nunca ouvi falar em tentativa de fuga aqui e em nenhum outro canto do Japão”.

É, Seu Marcola, é pra cá que o senhor e os seus amiguinhos do PCC deveriam vir.

Thursday, May 25, 2006

Ela vem aí...


... ou melhor, aqui. Sim, a Madonna confirmou os shows no Japão: dia 16 de setembro, em Osaka, e dia 20 de setembro, em Tokyo.

Eu tenho até o dia 10 de junho - quando começam as vendas de ingressos (sim, estamos no Japão. E já contei que os japoneses têm mania de fazer tudo com três meses de antecedência) - para acabar com a dúvida cruel: 11 mil ienes (US$ 96), 14 mil ienes (US$ 123) ou 50 mil ienes (US$ 439)? Osaka ou Tokyo?

Só não tenho dúvida de uma coisa: EU VOOOU!

Tuesday, May 23, 2006

Mais pra teen do que pra "tia"



Só hoje caiu a ficha (sei que essa expressão é ultrapassada, mas não aprendi outra mais moderna). Aos 29 anos de idade, continuo mais pra teen do que pra "tia". Dá pra acreditar que o meu presente de aniversário foi uma foto e uma cartinha fictícia (snif...) do jogador de futebol mais lindo e mais fofo (não disse que continuo mais pra teen?) do Japão? Sim, os meus amigos do trabalho tiveram o trabalho de fazer isso. E mais: eles imploraram o nosso chefe pra deixar eu ir à coletiva de imprensa de inauguração do Tsuneyasu Miyamoto Football Park, o bar do jogador de futebol mais lindo e mais fofo do Japão.

E eu fui. Como fotógrafa, claro. Seria muita cara-de-pau aparecer numa coletiva de imprensa em japonês, sem falar japonês. Mas fotógrafo não fala, só olha. Muito melhor. Então, só olhei. E fotografei. Gente, ele é muito fofo (não disse que continuo mais pra teen?)! E suuuper tímido! Os japoneses já são tímidos e ele é um japonês tímido. Dá pra imaginar? Ele não tem coragem nem de olhar pra câmera, nem para os repórteres, nem para as fãs... Uma pena, mas também, um charme!

E eu tive de controlar o meu espírito teen (mesmo beirando os 30) e fotografar, fotografar, fotografar. Mas confesso que ali, tão pertinho dele, dava vontade de esticar o braço e passar a mão naquele cabelinho lindo ou arriscar uma palavrinha em japonês: kakkoii, ou seja, lindo! (não disse que continuo mais pra teen?)

Mas não fiz nada disso. Só fiquei muito feliz de, finalmente, ver o Miyamoto de perto, muito perto. Não é a primeira vez que a gente marca um encontro (sim, eu e ele), mas é a primeira vez que ele deixa de me dar um bolo. Logo no meu aniversário...

Friday, May 19, 2006

Desencalhei!

O resto da história não vou contar. Os curiosos que me perdoem : )

Para os leitores que caíram de pára-quedas neste post, melhor ler Socorro, tô encalhada!, post do dia 27 de abril.

Saturday, May 13, 2006

Hoje é dia do meu aniversário!



29 anos. E como disse a Hiuko, não virei "tia".
Falta um ano ainda...

Tuesday, May 09, 2006

Propaganda de mim mesma


A Lucila me ligou:

_ Essa Karina no livro do Mario (sem acento mesmo) Prata é você?

_ Sim, respondi toda orgulhosa (apesar do título comprometedor: Minhas Mulheres e Meus Homens)

Pois é, fui parar nesse livro do Mario Prata, meu escritor/cronista preferido. Essa história é antiga (de 1999/2000), mas sempre vem à tona. A Lucila não foi a primeira - e espero que não seja a última - a me fazer essa pergunta.

E não virei só personagem de livro não. Também fui parar numa crônica, publicada no Estadão. Quase caí dura quando abri o jornal e lá estava escrito "Karina de Belô", ou seja, eu!

Querem ler? (espero que sim!) Aí vai a crônica:


Karina de Belô

o estado de s. paulo
31/03/99



Aquelas doidas e maravilhosas adolescentes, que fizeram uma home page minha, com a maior intimidade colocaram lá, no mês passado: o Pratinha faz aniversário este mês. Clique aqui para mandar parabéns para ele.

Vários desocupados e desocupadas clicaram e a Manuela me mandou as mensagens. Respondi a todas, agradecendo o carinho e o etecétera.

Mas foi aí que surgiu a Karina. Me respondeu dizendo que as colegas dela na faculdade de jornalismo não acreditaram que eu tivesse escrito para ela: "Imagine se o Mario Prata ia escrever para você!" Será que as colegas dela acham que eu não sei escrever?

E mais, dizia a Karina: estava fazendo um trabalho sobre cronistas, centrado em mim e queria saber qual a maneira que eu poderia ajudá-la.

Uma entrevista, uma palestra lá?

Respondi que estava havendo um pequeno engano. Meu nome era Mario Prata, mas eu não era o escritor. Era até parente. Sou dentista aposentado, fui logo informando. Mas, para sair do marasmo que era a minha vida, agradecia o convite para palestrar e poderia ir até Belô fazer uma palestra sobre molares aninos (que nascem no ânus). Disse ainda que tinha slides e precisava de uma cadeira de rodas para me pegar no Aeroporto da Pampulha, pois era paraplégico. E mais, informei: era solteirão e virgem, promessa feita no leito de morte da minha mãe, jurando de joelhos juntos que só me casaria com moça mineira, cujo nome começasse com K. Mamãe, em vida, foi apaixonada pelo Kubitschek.

A Karina adorou a idéia da palestra sobre os molares aninos. Achei meio esquisito tal atitude. Foi quando eu parei e achei que estava indo longe demais. E o pior: na última carta, ela pedia para eu parar de chamá-la de menina, porque, o fato de ela estudar jornalismo não significava que era uma jovenzinha.

Muito pelo contrário. E me contou a sua vida. Tinha 67 anos, viúva, filhos criados, resolveu estudar. Fez bem, pensei: escreve certo como gente grande, dominando as vírgulas e as respirações como uma Clarice Lispector. Parei de novo. Percebi que a dona Karina estava se empolgando com o doutor Mario, dentista. Essa coroa vai pegar no meu (dele) pé, pensei. E agora?

Mandei mais uma, que começava assim: "Agora sei por que o meu marido, o Mario, não queria que eu aprendesse computação. Era para não descobrir essas sem vergonhices dele" e, como esposa de mim mesmo, arrasava com a dona Karina.

Ela mandou outra carta para o dentista dizendo estar decepcionada com o fato de eu mentir sobre minha condição de solteiro, virgem e paraplégico. Estava decepcionada comigo. Ela, que estava até pensando em fazer um acróstico do dentista solitário.

Foi a vez de uma das minhas (do dentista) sete filhas, a Magdala, entrar na história e comunicar à mineira que ela era a causa da discórdia, da lascívia e do cabritismo que se instaurara (Magdala estuda Letras na PUC) no nosso lar, desde que ela "a escroque rampeira das Alterosas" havia surgido. Que, pelo amor de Deus, deixasse a nossa família em paz, no aconchego do até então feliz lar.

O bate-boca continuou até que a minha mulher tentou o suicídio e as minhas filhas estavam dispostas a ir até Belo Horizonte matar a dona Karina. Mas parece que a viúva não se tocava e estava mesmo a fim de mim - dentista, paraplégico ou não, virgem ou pai de sete filhas.

E eu - dentista, especialista em molares aninos, devo confessar, comecei a gostar da viúva, futura colega do primo Mario jornalista.

Foi quando ela mandou um último e definitivo e-mail: "Mario (escritor): obrigada por ter me ajudado. Fizemos (eu e você) um trabalho maravilhoso. Ficou bem melhor do que eu poderia imaginar.

Tenho 21 anos e estou mandando uma foto minha."

Meu Deus! A foto da viúva de 21 anos! Me desejando, num balão de história em quadrinhos, feliz Páscoa.

E eu fico por aqui, completamente apaixonado. Não sei se é o dentista pela viúva ou o escritor pela futura jornalista. Sei que um de nós convidou-a para passar a Páscoa com ele.

É, Karina, quando baixa um dentista aposentado e apaixonado dentro da gente, querendo mostrar slides de molares aninos, deve significar que o cronista anda sozinho, muito sozinho, sentado numa cadeira de rodas, ouvindo Elvis Presley e Arnaldo Antunes na mesma faixa, como se fosse um adolescente com dor de dentes.

Monday, May 08, 2006

Dia dos meninos



Contei que a "Semana Dourada" (Golden Week) é o feriado mais esperado pelos japoneses (são três dias que somados ao sábado e ao domingo viram quase uma semana), mas esqueci de contar o motivo desse feriado tão grande.

E a Maíra me cobrou "mas para que esse feriado? Tem algum motivo especial ou só porque eles acham que as pessoas merecem essa semana de folga?!". Aí vai a explicação: o dia 3 de maio é o Dia da Constituição. O dia 5 de maio é o Dia dos Meninos. E o dia 4 de maio não é dia de nada, somente um "feriado estabelecido entre as duas datas comemorativas". Coisa de japonês...

Para saberem mais sobre o Dia dos Meninos, copiei essa explicaçãozinha de um site sobre cultura japonesa:

O Dia das Crianças (Kodomo no hi) é uma das mais importantes datas do Japão. É comemorado em 5 de maio para celebrar o crescimento saudável e a alegria das crianças. Tornou-se feriado nacional em 1948, mas a data é festejada no Japão desde os tempos antigos. O 5º dia do 5º mês, tradicionalmente chamado de Tango no Sekku, é dedicado aos meninos. As meninas têm seu próprio festival, o Hina Matsuri (Festival das Bonecas), que acontece no 3º dia do 3º mês.

No Dia dos Meninos, famílias com garotos penduram fora de casa faixas em formato de carpa colorida (koinobori), que simboliza força e sucesso. Essa crença se baseia em uma lenda chinesa, sobre uma carpa que nada rio acima para se tornar um dragão. Nos últimos anos, como mais pessoas têm se mudado para apartamentos e casas menores, essas faixas tem se tornado menores, e hoje existem até versões em miniatura para decorar as casas internamente.

Também neste dia, as famílias normalmente tomam banhos com folhas e raízes de íris para ter boa saúde e se proteger contra demônios. Arroz cozido embrulhado em folhas de carvalho e recheado com doce de feijão, chamado de kashiwamochi, também são servidos na ocasião.

Wednesday, May 03, 2006

Pé na estrada


Começa hoje a Golden Week (Semana Dourada?). É o feriadão mais esperado pelos japoneses - e por nós forasteiros também. São três dias úteis que viram inúteis (só para os nossos chefes) que somados ao sábado e domingo viram (quase) uma semana de descanso.

E os japoneses, que adoram viajar, já botaram o pé na estrada. Vi na tevê o trânsito congestionado, os trens-bala super lotados e os aeroportos parecendo um formigueiro. Dá até medo de viajar. Mas eu vou!

Deixei pra comprar a passagem em cima da hora (em cima da hora para os japoneses é até um mês de antencedência. Eles têm mania de marcar tudo três meses antes). Por isso, perdi um dia do feriadão...

Vou pra O-KI-NA-WA amanhã! Sim, para aquela ilha maravilhosa, onde fiz excursão com os colegas da minha (ex) escola de japonês, lembram? Podia escolher outro lugar, onde nunca fui. Mas é a minha chance de curtir Okinawa no verão. Aqui, em Nagoya, e em todo o resto do Japão, ainda é primavera, mas lá o verão já chegou.

Até domingo, pessoal! (Vou seguir as dicas para fugir do "tecnoestresse" e viajar sem notebook. Também vou me controlar para nao procurar um cybercafe por lá)

FOTO: olha a praia que me espera! Ai, ai... Ah, esses aí são meus colegas coreanos e uma japonesa que conheci na outra viagem a Okinawa.

Bem-vinda, eu!




Cheguei a Nagoya há uma semana. E hoje meus colegas de trabalho oficializaram as minhas boas-vindas. Eles me levaram ao Yama-chan (leia "tchan"), um restaurante-bar típico de Nagoya (parece que tem em Tokyo também. Eu nunca vi, mas me contaram que o Ewerthon viu).

ADOREI o Yama-chan! Os garçons vestidos de quimono, as mesinhas de madeira, a parede ilustrada e a comida deliciosa. Tomei umeshu (licor japonês de ameixa), que eu adoro, e comi muita asinha de frango. Humm... Essa asinha é a especialidade da casa. Tebasaki é o nome.

Tem um tempero especial e a gente não precisa comer com palitinhos. Pode, aliás, deve comer com as mãos! E achei super divertido um papelzinho com a explicação - passo a passo - de como quebrar e devorar as asinhas. Ninguém leu. Mas todo mundo comeu.

Monday, May 01, 2006

Aqui, eles não são tão apressadinhos



Imagina uma mineira, tranquila, tranquila, como eu e todos os outros mineiros, vivendo em Tokyo? Foi difícil acompanhar o ritmo. Nos primeiros dias, não conseguia entender "por que os japoneses correm tanto?". Dá a impressao de que eles estão todos atrasados, muito atrasados. Sempre! Até quando vão passear.

Quando passei uma temporada em Hamamatsu, uma cidade com 600 mil habitantes (só pra lembrar, Tokyo tem 12,5 milhões), ficava incomodada com a calma da pessoas, que até paravam na escada rolante (que coisa!). Em Tokyo, isso não acontece. Ok, acontece sim, mas só com a minoria. Quem não tem pressa (geralmente, os velhinhos) fica à equerda para deixar aquele monte de gente passar. Eu me incluo nesse monte, nunca páro na escada rolante. Nem quando vou passear.

Depois, em outra temporada, numa outra cidade, menor ainda, ficava irritada com a demora dos trens (só trem mesmo, nessa cidade não tem metrô). Em Tokyo, é difícil esperar mais de três minutos por um trem. E é difícil não ter trem para ir a algum lugar. São tantas linhas, que nem dá pra contar. Lá em Oizumi, a tal cidade que nem os japoneses conhecem, eu cheguei a esperar 55 minutos por um trem! Na temporada de um mês, deu pra colocar a leitura em dia e ainda ficar viciada em palavra-cruzada.

Agora estou em Nagoya, uma cidade que pensei que fosse grande. Se não me engano, é a terceira maior do Japão. Tem 2,2 milhoes de habitantes e é muito importante economicamente. Mas, aqui, os japoneses também não são tão apressadinhos, para a minha decepcão. Tenho que cultivar a minha paciência, toda vez que vou a uma loja de conveniência (até rimou!).

Em Tokyo, a gente mal tem tempo de contar o dinheiro. Os atendentes são tão rápidos e as pessoas que esperam na fila são tão ansiosas, que a gente aprende logo a chegar ao caixa com o dinheiro na mão, a pegar rápido a socola, a não perder tempo conferindo o troco e a guardar o dinheiro na carteira só depois de "liberar" o caixa para o próximo da fila.

Em Nagoya, vou ter que aprender a esperar o atendente digitar calmamente (argh!) os preços, guardar calmamente (argh!) as compras, conferir calmamente (argh!) o troco... Agora eu entendo "por que os japoneses (de Tokyo!) correm tanto?". Gente, como é chato esperar!

FOTO: uma das várias redes de lojas de conveniência do Japão - Daily Yamazaki. Numa dessas, que fica ao lado da estação de metrô da minha casa em Nagoya, é que estou tentando recuperar a minha paciência.