
Não é preguiça de escrever, nem falta de assunto. Mas depois de roubar um post e jurar não falar mais da Copa da Alemanha no Meu Japão, aqui estou com outro post roubado. O assunto? Pois é, a Copa...
Na verdade, não é exatamente um post roubado. É um comentário que virou post, com a devida autorização do dono, como sempre :)
O Osny (dono do comentário-post "roubado") ficou empolgado com o Zidane e fez um comentário maior que o meu post. E pasmem: o comentário do Osny tem até foto!
Aí vai:
PARTE 1
Um Zidane é bom, dois então...!!!!
Oi Karina, sei que você tem o bar colírio lá de Shimbashi. Aqui em Hama não posso dizer quase o mesmo, porque o dono/balconista/torcedor/turco (ele é tudo isso) é clone do Zidane. Mas apesar disso é um grande amigo meu, porque é um turco com alma brasileira.
Vamos enfrentar os franceses de novo. Nossa pedra no caminho. Eu gosto de assistir aos jogos no Bar do Turco. Mas o dono, que se chama Nemetz, tem mesmo a cara do Zidane. Se tenho trauma de ver o Zidane na telinha, imagina então “pessoalmente”. Então vou tirar o time de campo e assistir ao jogo contra a França la no Empório, que tem samba, lindas sambistas e até parece que estamos na arquibancada.
Além do mais o Zidane turco não vai aparecer por lá pra “zicar” o jogo porque ele vai estar no seu bar trabalhando, com certeza (e na próxima vez que eu aparecer por lá, ele vai me perguntar por que não vi o jogo da França lá?) Como vou responder que foi por causa do Zidane/e você também com cara do Zidane?
Nada contra o Nemetz/Zidane, pelo contrário, ele é um “turco mão aberta”. Quando o Brasil ganha, ele libera uma rodada grátis de cerveja. Outro dia ele tirou de baixo do balcão uma garrafa de Yeni Raki, a autêntica aguardente da Turquia feita de uva e anis, uma delícia. Então ele me bateu no ombro e mostrou no balcão dois copinhos com a dita cheia.
Primeira vez que tomei, é muito forte. Foi brinde da casa porque eu sou brasileiro e vestia a Amarelinha. “Esse brinde é antecipado, porque o Brasil vai ganhar”, e de fato ganhou do Japão por 4 a 1.
E veja que sou supersticioso! Falei que o corvo do emblema na camisa do Japão não ia poder com os Canarinhos e assim foi. Xô!! Corvo de mau agouro...
Imagina então um Zidane clone, mesmo que ele torça para o Brasil, poderá acontecer o contrário, por isso todo Zidane é suspeito para mim!
O bom turco que me desculpe! No jogo da França vou beber/torcer/trabalhar na outra parada. Não vai dar para encarar o Zidane no telão e outro no balcão. É muito pro coração ferido de um torcedor como eu...além de tudo, super-supersticioso (toc toc toc!!! na madeira)
PARTE 2
Trauma: não posso nem ouvir oui madame!
O Brasil tem trauma da França. O passado histórico registra derrota nos pênaltis na Copa 86, quando Sócrates e Julio Cesar erraram as cobranças (sem falar do Zico que também errou, mas dentro dos 90 minutos).
Aquela Copa não foi do Zico, e não sei se foi dai que surgiu o termo “zicado” mas não tava pra nós mesmo. O azar foi tanto que numa das cobranças da França, a bola bateu no poste, voltou e bateu nas costas do nosso goleiro Carlos e entrou. O juiz validou a cobrança francesa. Foi mesmo a maior zicada. Deu França 4 a 3.
Quem ria no banco era o técnico francês Henri Michel, que continuava sem perder para o Brasil. Isto porque dois anos antes, na Olimpíada de Los Angeles 84 o Brasil também perdeu a grande final para a França e ficou com a medalha de prata. O Brasil então já perdeu uma Olimpíada e uma Copa para a França.
Tá vendo não temos sorte com o time formado por Napoleão, Zidane e Michel no banco. Sabe quem era o técnico da França nas duas ocasiões, em 84 e 86? Ele mesmo, Henri Michel, que sentia orgulho por nunca ter perdido para o Brasil.
O Brasil esperou 12 anos para se vingar do francês mas não da França. Na Copa da França 98, Henri Michel era o técnico do Marrocos e eles estavam confiantes numa vitória. Mas o Brasil emplacou 3 a 0 nos africanos e Henri Michel finalmente teve seu dia de Queda da Bastilha. E a urucubaca parecia exterminada. Que nada!!!
Após 26 dias da vitória em cima de Henri Michel, logo surgiu outro Napoleão. Zidane fez dois de cabeça e a França foi campeã. Nós brasileiros brincamos a Copa inteira dizendo que “a França produz a champanha mas o Brasil levanta a taça”.
Ainda tivemos uma revanche na Copa das Confederações 2001. Foi na semifinal em Suwon (Coréia do Sul). O franco-lusitano Robert Pires abriu o placar. Ramon empatou mas no segundo tempo Desailly marcou e mais uma vez a França despachou o Brasil. O goleiro desse jogo era o Dida.
Não temos mesmo sorte contra a França. Desta vez todo o cuidado é pouco. Aquela derrota em 86 foi também nesta fase, nas quartas-de-final. Zidane está oito anos mais velho, mas Ronaldo também – mas é melhor ter um Ronaldo gordo e paradão na área, do que nenhum Ronaldo. Se pudesse escalar o Zidane turco pra dar uma força pra nós, seria legal. Em todo caso, Zidane, deixa essa pra nós, si vou plais mounsieur!!!
FOTO: Raul Seixas e Zidane turco (falta raspar o cabelo, né Osny?)