"Eu nunca comi comida brasileira", disse a minha professora de japonês na aula passada. Aproveitei o intervalo e convidei: "pessoal (incluí os alunos, claro), vamos juntos comer comida brasileira?
A professora ficou animadíssima. Até esticou o intervalo para encontrar uma data propícia para (quase) todos nós. Ela também convidou a nossa outra professora de japonês. Depois de muita conversa e ligações (em japonês, para o meu desespero), marcamos.
As duas professoras - Yamazoe e Koizumi - o chinês Xiaojun Zhang, a chinesa Yin Xingzhe, a filipina Lili, o peruano Yvan Llave e eu nos encontramos ontem (domingo) às 11h20 da manhã, perto do restaurante. Elas escolheram esse horário aí. Se fosse eu, sugeriria 13h. Talvez, 14h. Mas não reclamei, só achei divertido e fui dormir cedo no sábado para não me atrasar (mesmo assim, cheguei atrasada. E essa história fica pra outro

post).
Es
colhi o restaurante mais bonito, mais organizado e mais apropriado para levar amigos estrangeiros, especialmente, japoneses. Esse é adaptado ao gosto do freguês e por isso (e talvez pelo preço) tem mais japoneses do que brasileiros lá. Não só nas mesas, mas também no balcão, na cozinha e entre os garçons.
O cardápio é trilíngüe: japonês, inglês e português. Acho que nessa ordem de importância, pois a clientela brasileira é minoria. A comida também não é só brasileira. O churrasco é nota 10 - apesar de menos salgado do que o "normal", para não espantar os japoneses. Tem feijoada, farofa e até coxinha...
... mas o arroz é à moda local - grudado e sem tempero - e no bufê de salada, tem coisas que muitos brasileiros nem sabem que existe. Alguém aí já comeu goya? Pois é, tem goya lá. É uma espécie de pepino que amarga mais que pé de jurubeba, como diria meu pai.
A professora Yamazoe ficou encantada com o rodízio de churrasco e não recusava nada: picanha, cupim, frango, lingüiça... E repetia toda hora: "oishii" (gostoso). Mas morri de rir foi da professora Koizumi. Ela adorou o abacaxi assado. Comeu, pediu mais e até quis tirar foto perto do espeto de abacaxi.

Difícil era eu explicar o que era costume brasileiro e o que não era. Afinal, a garçonete perguntou o que a gente queria beber depois da refeição: chá quente ou gelado, suco de laranja (de caixinha, para a minha tristeza), café quente ou gelado? E, para a minha diversão ninguém votou no café quente, como os brasileiros costumam fazer. O mais pedido foi o chá e, em segundo lugar, o café gelado. Cruzes!
Mas no cardápio também tem caipirinha e guaraná. Autênticos! E insisti para que todos experimentassem, com duas ressalvas: o guaraná é muito doce e a caipirinha é muito forte. Gostaram mais da caipirinha. Percebi que o guaraná não fez muito sucesso. Eu aprovei os dois, como uma autêntica brasileira.
Foi um almoço muito divertido. Fiquei feliz porque todos pareciam felizes e não paravam de elogiar e agradecer pelo convite. Foi uma ótima aula de japonês também, pois combinamos que era proibido falar em chinês, inglês, espanhol ou português. Conseguimos, mas com muito esforço,

muitas risadas e muita mímica!
Depois, fomos passear nas redondezas - o restaurante fica no chiquerésimo e lindíssimo bairro Omotesando - e ainda visitamos um templo muito famoso, lá perto. Rezamos, vimos criancinhas de quimono e até uma noiva sendo fotografada com a família, com roupas e rituais como manda a tradição.
O próximo almoço da turma será num resturante peruano. Depois num chinês, num filipino, num japonês...