Sim. Fiz coisa errada. Não fui presa, mas paguei pela infração. Faço tudo certinho, especialmente aqui no Japão. Sempre atravesso a rua na faixa de pedestres, sigo o costume de ficar à esquerda na escada rolante para que os apressados passem pela direita, jamais jogo lixo no chão e evito sentar no banco dos velhinhos, no trem, para não ter de levantar nem de ficar com a consciência pesada se eles aparecerem. Mas confesso que tem uma regrinha aqui que eu detesto: não usar o celular dentro do trem.
Mandar mensagens, navegar na internet, ver tevê, brincar com os joguinhos e usar todas as demais funções que um celular costuma ter, pode. Ligar e receber chamadas não pode. Tem gente que diz que o motivo não é o barulho, mas é que não sei o que do celular pode interferir na ponte de safena de algum velhinho e ele ter um piripaque ali mesmo. Acho que isso é imaginação. O problema deve ser o incômodo mesmo. E, hoje, mais uma vez, eu incomodei.
Nessas horas, nem a cara de estrangeiro – o que aqui é a coisa mais fácil de se ver – ajuda. Para quem não entende japonês e, por isso, não percebe a voz que sai das caixinhas de som dizendo “coloque o celular no modo silencioso” (ou algo parecido), existem uns adesivos pregados dentro dos vagões com um desenho de um celular, escrito “off” de todo tamanho ou um “x” vermelho e, ainda, uma mensagem de “é proibido” traduzida para o inglês. Ou seja, não dá pra fingir que não sabia...
Paguei caro. Liguei para o Ewerthon, de dentro do trem. E conversava com ele tranquilamente (falando bem baixinho, claro: “não posso falar alto porque estou no trem”), quando entrou um senhor japonês e olhou bravo pra mim e, sem dizer nenhuma palavra, apontou para o meu celular. Apontou com o dedo indicador, coisa que a minha professora de japonês me ensinou que, aqui, nunca se faz: “é um gesto de recriminação, uma grosseria. Nunca aponte assim. Indique com a mão aberta”, ela dizia.
Vi que eu era (sou?) uma pessoa mal-educada, que não respeita a lei. Que vergonha! Agora, entendo porque a Monica, o Caruso e a Shigeko nunca atendem o celular dentro do trem. Não vale a pena passar uma vergonha dessa. Desliguei o celular imediatamente. Não disse nada também. Nem pedi desculpas. A vergonha era tanta, que eu só conseguia rezar para que chegasse logo a minha hora de descer daquele trem.
FOTO: tirei hoje. em outro trem, é claro. está desfocada porque tirei às pressas pra não correr o risco de infringir outra lei...
5 comments:
Karina, eu vou fazer uma referência cruzada. Dê uma olhada no post que fiz sobre a sua experiência no Projeto Andrômeda, a constelação mais distante visível a olho nu.
Projeto Andrômeda
Oi Karina! Meu Deus, que falta de educação!!! Hehehehe... Brincadeirinha! Olha essa de apontar com a mão eu não sabia! Mais uma para eu aprender para quando for aí visitar vocês!
Bjinhos
bom comeco
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